Ao lado do Restaurante Universitário (RU) e em frente à Diretoria Acadêmica (DAC) no Ciclo Básico II, foi inaugurada nesta quinta-feira (4/7) a nova sede da Associação Central de Pós-Graduação (APG) da Unicamp em cerimônia com descerramento de placa e entrega oficial das chaves aos representantes da entidade pelo prefeito do campus de Barão Geraldo, Juliano Henrique Davoli, pelo reitor, Antonio José de Almeida Meirelles ,e pela vice-reitora, Maria Luíza Moretti. Segundo dados da APG, a Unicamp possui hoje 11.701 pós-graduandos. O espaço de convivência abrigará uma cozinha, uma de sala de estudos – com computador e impressora – e uma sala de descanso.
Para Matheus Albino, que refundou a APG em 2019 (mesmo ano que o órgão havia sido desativado), a estrutura da nova sede dará mais condições para o debate de pautas dos estudantes de pós-graduação. “Em 2019, o cenário era de cortes no orçamento da educação em nível federal e no orçamento da ciência e tecnologia. Nós convocamos uma assembleia no Ciclo Básico que reuniu 8 mil pessoas e lá deliberamos que não nos curvaríamos aos cortes nem aos negacionistas da ciência e da tecnologia. Debatemos vários pontos e, por tudo isso, resolvemos refundar a entidade representativa dos pós-graduandos da Unicamp”, lembra. “Aquele foi um momento crítico. Atendemos muitos estudantes, demos suporte, fizemos encontros para definir pautas para o Conselho Universitário [Consu] e propor mudanças estatutárias. Conquistamos muitas coisas ao longo do tempo.” A sede anterior funcionava em um espaço do Ciclo Básico. Albino esteve à frente dos procedimentos que resultaram na conquista da nova sede.
Pautas diferentes
O atual secretário-geral da gestão 2023/2024 da APG, Angelo Roberto Biasi, disse que uma das pautas mais importantes hoje é o passe universitário de transporte, que só existe para a graduação. “Levamos isso para o Consu. Conquistamos credibilidade e aproximação com as entidades representativas da Universidade, com a reitoria e a prefeitura, que colaboram conosco, inclusive para a criação desse espaço”, afirmou Biasi, que considera uma grande vitória a obtenção do espaço, um lugar de convívio com uma minibiblioteca e um lugar para tomar café da manhã, além de oferecer vários outros serviços e contar com outras estruturas. Também faz parte da atual gestão a estudante de pós-graduação Carolina de Lima Gallina, que junto com seus colegas recebeu as chaves do espaço.
A APG Unicamp está ligada à Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), cuja vice-presidente estadual, Gabriela Beraldo, compareceu ao evento de inauguração. “Os pós-graduandos têm uma realidade muito específica e diferente de outros setores do movimento estudantil. É necessário que nos organizemos para travar as nossas lutas. Nós fazemos pesquisa e fazemos ciência, em um país que não tem bolsas suficientes. Temos poucas condições de permanência nas universidades”, resume Beraldo, que comemorou a conquista da APG Unicamp. “Isso não existe em todas as universidades. Em alguns lugares, a APG divide espaço com o DCE [Diretório Central dos Estudantes], ou tem apenas uma sala. A Unicamp se dispôs a ceder o espaço, e isso é um exemplo que vamos levar para os locais onde ainda não há espaços para APG.”
Centro vivo
“A nova sede fica perto do centro vivo da Universidade”, disse Davoli. De acordo com ele, a reforma foi realizada pela equipe de obras da prefeitura nos últimos meses. O prefeito do campus lembrou que o famoso restaurante do DCE ocupou, no passado, o mesmo espaço. “Pela trajetória da Universidade, não foi mais possível licitar o espaço. Diante dessa impossibilidade, pensaram em outro uso para o local. A prefeitura apresentou essa alternativa para a APG, algo que foi prontamente aceito.”
Representantes das entidades de trabalhadores e de docentes da Unicamp, como o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) e a Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp), também discursaram no evento. Elisiene Lobo, do STU, disse que ver o local revitalizado é uma forma de ter esperança “porque tudo pode e deve ser revitalizado”. “Defender a Universidade é fazer com que ela seja renovada todos os dias”, concluiu.
A professora Silvia Gatti, presidente da Adunicamp, recordou o período de ditadura na história recente do país e falou que os processos muitas vezes se mostram lentos na institucionalização dos espaços democráticos e de representação. A Adunicamp foi criada em 1977 em meio a essas conquistas. “Espero que o espaço seja bem ocupado e que seja lugar de pensamento e de elaboração de ideias. Parabéns para quem lutou por ele e também para a reitoria, que demonstrou respeito aos pós-graduandos.”
Diversidade e inclusão
A vice-reitora cumprimentou a APG pela luta e pela conquista da sede. Moretti ressaltou o papel da Universidade na formação do cidadão que precisa respeitar a diversidade. “Acho que a existência de locais como a APG, o DCE, a comunidade indígena que estará aqui perto, o Núcleo de Consciência Trans [NCT] e unidades de pensamentos diversos trazem benefícios sociais.”
Em sua fala de encerramento, o reitor disse que enxerga a sede da APG como um espaço de exercício da democracia, do diálogo e da negociação. “Temos dois desafios: o primeiro é o da inclusão, algo que todos citaram em seus discursos. Isso deve acontecer entre os pós-graduandos também. O segundo é destacar o papel da ciência e tecnologia. As nossas instituições são importantes para a nossa formação.”
Participaram ainda da cerimônia de inauguração da nova sede o chefe do Gabinete do Reitor, Paulo Cesar Montagner, e o professor Marco Aurélio Cremasco, representando o pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho.